A pHmetria esofágica é o exame indicado para diagnosticar a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). A DRGE é causada pelo retorno de suco gástrico do estômago para o esôfago. O suco gástrico tem caráter ácido e, quando em contato com o a mucosa esofágica, causa muitos sintomas e, dependendo do tempo e da intensidade, até erosões e úlceras. Há relatos que associam, em longo prazo, o refluxo gastroesofágico à maior incidência de câncer de esôfago.
Os pacientes que sofrem com a DRGE costumam apresentar os seguintes sintomas:
- Azia – geralmente descrita como uma sensação de queimação no meio do peito;
- Regurgitação – uma sensação semelhante ao vômito, em que o suco gástrico “volta” misturado com uma pequena quantidade de alimentos não digeridos e é sentido na boca ou na hipofaringe.
Outros sintomas comuns são dificuldade para engolir (disfagia), dor torácica (muitas vezes confundida com a dor do infarto), sensação de “bola na garganta”, dor ao deglutir (odinofagia), tosse crônica, rouquidão e náusea.
Assista ao vídeo da vídeo com a dra. Camila Fonseca
https://www.youtube.com/watch?v=TsQHu4XOPO0
[e-Book – baixe grátis! Como tratar o refluxo esofágico via endoscopia.]
COMO FUNCIONA A PHMETRIA?
O exame é solicitado para avaliar a presença de ácido no esôfago (refluxo) bem como o tempo em que o ácido permanece em contato com a mucosa esofágica durante o período de 24 horas (chamado tempo de exposição ácida, parâmetro mais importante a ser avaliado no exame). A pHmetria é indicada para definir o padrão do refluxo, que pode ser dos tipos:
- Ortostático – padrão anormal quando o paciente não está deitado;
- Supino – padrão anormal quando o paciente está deitado;
- Biposicional – padrão anormal quando o paciente está deitado ou não.
Indicações especiais da pHmetria
- Pacientes com queixa de azia e/ou regurgitação sem erosões esofágica (sem esofagite);
- Pacientes com queixas de sintomas atípicos (como dor torácica e problemas otorrinolaringológicos ou respiratórios);
- Antes da realização de tratamentos antirrefluxo – como a cirurgia -, como forma de documentar a doença, e após o procedimento, para verificar sua eficácia;
- Pacientes com sintomas típicos já em tratamento, mas que não apresentem os resultados esperados;
- Para avaliar o andamento do tratamento clínico / terapêutico em pacientes com DRGE complicada (úlceras, estenoses, esôfago de Barret).
Como é o exame a pHmetria esofágica?
A pHmetria esofágica é um exame simples, feito sem a necessidade de preparo especial prévio, a menos que o paciente faça uso de alguns medicamentos (cabe ao médico analisar a relação medicamentosa e a possibilidade de suspender o uso). O paciente deve estar seis horas em jejum, não fumar no dia do exame e, seguir as orientações de dieta para as 24 horas seguintes, que serão fornecidas no ato do exame.
Geralmente, é realizado em ambulatório, com o paciente acordado, com anestesia local (nas narinas e na garganta). Antes da phmetria, se faz necessário a realização de um exame chamado manometria esofágica, este exame é fundamental para a determinação do local correto de posicionamento da sonda de pHmetria. A manometria esofágica localiza o esfíncter esofagiano inferior (EEI) – estrutura responsável pelo “fechamento” da passagem entre o esôfago e o estômago, bem como evidencia possíveis alterações no funcionamento deste esfíncter. Após termos a localização correta do EEI, a sonda de pHmetria é posicionada 5 cm acima deste.
A sonda é ligada a um Holter e permanece no corpo do paciente por cerca de 24 horas, no dia seguinte, o Holter e a sonda são retirados, o paciente deve preencher um questionário para registrar suas atividades enquanto esteve com a sonda (horário de alimentação, sintomas, horário de sono, tempo em que ficou em pé ou sentado etc.).
Com os dados coletados pela sonda e o questionário preenchido pelo paciente, o médico é capaz de dar o diagnóstico definitivo da doença do refluxo gastroesofágico.
Após a retirada da sonda – que dura em torno de um minuto –, o paciente pode sentir algum incômodo (devido à passagem da sonda), no entanto, não é grave e é permitido retornar às atividades normalmente.