Ainda há muito o que se descobrir a respeito na covid-19. Por ser uma doença recente, ainda há inúmeras pesquisas em curso para entender o funcionamento do vírus, saber quais são as pessoas mais afetadas e, claro, para descobrir a tão esperada vacina.
Recentemente, cientistas da Califórnia deram um passo importante para mapear a o modo como a doença se desenvolve e o grau de mortalidade de pacientes com sobrepeso ou com obesidade contaminados com o novo coronavírus. O estudo, publicado dia 12 de agosto na revista “Annals of Internal Medicine”, concluiu que a obesidade pode aumentar em até quatro vezes o risco de morte, principalmente em pessoas do sexo masculino com menos de 60 anos.
Os pesquisadores da Califórnia analisaram os dados de 5.652 pacientes que tiveram o teste positivo para o novo coronavírus entre fevereiro e maio deste ano e afirmam que encontraram “uma associação impressionante entre o IMC e o risco de morte entre pacientes com diagnóstico da covid-19 em um sistema integrado de saúde. Essa associação foi independente das comorbidades relacionadas à obesidade e outros fatores potenciais”.
Antes da publicação do “Annals of Internal Medicine”, a Agência de Saúde do Reino Unido já havia alertado sobre o aumento do risco de covid-19 em pacientes acima do peso. Para o órgão britânico, pessoas acima do peso têm 40% mais risco de morrer de covid-19, em pessoas obesas, o risco salta para 90% maior.
Um ponto importante de se observar nessa pesquisa recente é que ela foi feita excluindo outras possíveis comorbidades, assim, foram retirados dados de pacientes com diabetes, hipertensão e problemas cardíacos, entre outros. Até a data em que foi divulgada a pesquisa norte-americana, mais de 4 mil pessoas com obesidade haviam falecido no Brasil vítimas de covid-19, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Entre elas, mais de metade eram pessoas com menos de 60 anos.
OBESIDADE AUMENTA O FATOR DE RISCO PARA OUTRAS DOENÇAS
Além de ser, ela mesma, uma enfermidade, obesidade é um importante fator de risco para o desenvolvimento de diferentes doenças, como:
Hipertensão
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a hipertensão mata 9,4 milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano. Ela é causada pelo estreitamento de vasos e artérias, geralmente em função do acúmulo de gordura. Isso faz com que o sangue seja transportado com mais dificuldade, exigindo maior esforço cardíaco. Indivíduos obesos tem 2,5 vezes mais chances de desenvolverem hipertensão que uma pessoas com peso normal.
Diabetes
Oito em cada dez pessoas obesas sofrem de diabetes tipo II. Ter um perímetro abdominal superior a 100 cm aumenta em 3,5 vezes o risco de desenvolver diabetes em 3,5 vezes. Isso acontece porque o acúmulo de gordura, principalmente na região do abdômen, altera o funcionamento das células, causando a resistência à insulina e levando ao aumento de glicose circulante no sangue.
Asma
As causas da asma ainda não são totalmente conhecidas, mas já se sabe que a leptina sabe-se que a reação inflamatória provocada pela leptina (substância produzida pelo tecido adiposo) e os níveis elevados de colesterol posem aumentar o processo inflamatório dos brônquios, causando asma, principalmente em crianças.
De acordo com estudo realizado na University of Bristol (Inglaterra), a obesidade em crianças aumenta em cerca de 55% as chances de desenvolverem asma.
Esteatose hepática ou “fígado gordo”
A doença hepática gordurosa não alcoólica ou esteatose hepática ocorre quando há um excesso de gordura nas células do fígado, por isso é também chamada de “fígado gordo”. Quando não tratada corretamente, essa condição pode evoluir para cirrose hepática, podendo causar a falência do órgão.
A prevalência de esteatose aumenta em 65% entre as pessoas obesas, quando comparadas a pessoas com peso normal, e pode atingir os 85% nos casos de obesidade mórbida.
Cânceres
O sobrepeso e a obesidade são responsáveis por mais de meio milhão de novos casos de câncer todos os anos, segundo a OMS. O American Institute for Cancer Resarch (AICR) atribui ao excesso de peso uma percentagem significativa ao aumento de casos de câncer do endométrio (49%), do esôfago (35%), do pâncreas (28%), dos rins (24%), da vesícula (21%), de mama (17%) e colorretal (9%).
BALÃO INTRAGÁSTRICO: UM DISPOSITIVO EFICIENTE E SEGURO NO TRATAMENTO CONTRA O SOBREPESO E A OBESIDADE
Pessoas com sobrepeso ou obesidade sabem que não é simples “lutar contra a balança”. Muitas vezes, as tentativas de redução de peso vêm desde a infância, causando uma sensação de frustração quando não se alcança peso desejado ou quando há o temido “efeito sanfona”.
O balão intragástrico é um dispositivo que auxilia na perda de peso de maneira segura e eficiente, quando aliado a hábitos saudáveis como a adoção de dieta equilibrada e a prática de exercícios físicos. O tratamento tem duração de seis ou doze meses e, para ter resultados mais duradouros, deve ser feito com apoio de uma equipe transdisciplinar, composta por médico, nutricionista, educador físico e psicólogo.