A impedâncio-pHmetria é o exame que permite o diagnóstico preciso e definitivo da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). Diferentemente da pHmetria convencional, a impedâncio-pHmetria nos permite diferenciar o refluxo ácido e não ácido. Permite uma melhor correlação entre os sintomas do paciente e os episódios de refluxo (sejam eles causados pelo refluxo ácido ou não ácido ou, ainda, se estes sintomas são mesmo relacionados ao refluxo).
Esse exame possibilita, também, classificar o refluxo quanto à sua composição – líquido, gasoso ou líquido-gasoso – e identificar o nível de ascensão do refluxo no esôfago.
Além disso tudo, o principal ganho da impedancio-pHmetria em relação à pHmetria, é a possibilidade de avaliar o paciente em vigência do uso de medicações para refluxo, a fim de avaliar o uso correto delas ou fazer diagnóstico de refratariedade a tais medicações.
Refluxo ácido e refluxo não ácido, quais as diferenças?
O que diferencia os tipos de refluxo gastroesofágico é o pH do líquido que retorna ao esôfago. Quando é causado pelo suco gástrico, é ácido; quando a causa é conteúdo biliar, o refluxo é não ácido ou alcalino.
Os sintomas são bastante semelhantes, no entanto, o refluxo alcalino não melhora após o tratamento com medicamentos antiácidos ou inibidores da bomba de próton, como o Omeprazol, podendo explicar a ausência de melhora do paciente com o tratamento até então instituído.
Leia mais sobre doença do refluxo gastroesofágico, suas causas, sintomas e tratamentos.
QUANDO A IMPEDÂNCIO-pHAMETRIA ESOFÁGICA PROLONGADA É INDICADA?
- Diagnosticar refluxo gastroesofágico em pacientes com sintomas sugestivos, mas sem alterações endoscópicas sugestivas de refluxo;
- Diagnosticar refluxo gastroesofágico em pacientes com sintomas atípicos e/ou supraesofágicos, como dor torácica, tosse crônica, pigarro, rouquidão, sensação de bola na garganta;
- Esclarecer suspeita de refluxo não ácido – em geral quando o paciente não melhora com as medicações de uso habitual para refluxo;
- Melhor definir queixas pós-prandiais (após as refeições, como azia e dor torácica);
- Avaliar a baixa ou a falta de resposta aos medicamentos para refluxo, como bloqueadores H2 e inibidores da bomba de prótons;
- Avaliar a eficácia e a evolução de tratamentos clínicos ou cirúrgico da doença do refluxo gastroesofágico;
- Antes da realização de tratamentos antirrefluxo, para documentar a doença e para verificar a eficácia do tratamento após a cirurgia;
- Avaliar a eficácia de tratamento clínico / terapêutico em pacientes com DRGE complicada (úlceras, estenoses, esôfago de Barret).
COMO FUNCIONA A ESOFÁGICA PROLONGADA?
O exame é solicitado para avaliar a presença de refluxo gastroesofágico e o tempo em que esse refluxo permanece em contato com a mucosa esofágica. A avaliação é feita por 24 horas. Com isso, é possível definir se o refluxo é ácido ou alcalino e qual o seu padrão, que pode ser:
- Ortostático – padrão anormal quando o paciente não está deitado;
- Supino – padrão anormal quando o paciente está deitado;
- Biposicional – padrão anormal quando o paciente está deitado ou não.
Com a impedâncio-pHmetria também é possível determinar a presença de refluxo em esôfago proximal. O que pode ser responsável por sintomas atípicos de refluxo, principalmente sintomas laríngeos como tosse, rouquidão e pigarro.
COMO É O PROCEDIMENTO E QUAIS OS PREPARATIVOS PARA A REALIZAÇÃO DA IMPEDÂNCIO-pHMETRIA ESOFÁGICA PROLONGADA?
Os cuidados necessários para a realização desse exame são:
- Estar em jejum por, no mínimo, seis horas;
- Comunicar sobre o uso de medicamentos contínuos, para que o médico avalie a necessidade ou não de suspender o uso;
- Levar consigo o resultado da última endoscopia realizada;
- Não fumar durante a realização do exame;
- Alimentar-se normalmente e manter a rotina habitual de trabalho e atividades durante a realização do exame.
O procedimento é realizado, geralmente, em ambulatório, com o paciente acordado e com o uso de anestesia local nas narinas e na garganta. Antes de o paciente se submeter à impedâncio-pHmetria prolongada, é solicitado que faça uma manometria esofágica para determinar o local correto em que a sonda de pHmetria deve ser colocada.
Após inserida no local correto, a sonda é ligada a um aparelho Holter. Que deve permanecer ligado ao paciente por 24 horas (o aparelho é pequeno e fica em uma pequena bolsa/pochete). Durante o tempo em que permanecer com o aparelho, o paciente deverá preencher um questionário/registro de atividades, como horário de alimentação, de sono e possíveis sintomas.
No dia seguinte, o paciente vai ao consultório médico para retirar o Holter e a sonda, procedimento que leva apenas alguns minutos.