A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) se caracteriza pela alta incidência e pela variedade sintomas, que podem ser confundidos com o de outras patologias e, por isso, demandam atenção e exames médicos.
Segundo o mais recente mapeamento da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), realizado em 2018, mais de 50% dos brasileiros sofrem com refluxo gastroesofágico. Apesar de comum e, relativamente simples, a DRGE merece atenção, pois, quando não tratada corretamente, pode desencadear outras doenças, como a esofagite erosiva (infecção da mucosa do esôfago).
O QUE É A DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO E QUAIS OS SINTOMAS
A doença do refluxo gastroesofágico é causada quando há a passagem do suco gástrico para o esôfago. Isso acontece em razão de uma disfunção que impede o funcionamento correto do músculo esfíncter esofagágico inferior.
O suco gástrico tem a função de digerir os alimentos e, por isso, possui diferentes enzimas, que fazem dele um líquido muito ácido. Por isso ocorre a sensação de queimação, uma das principais queixas de pacientes com refluxo.
Os sintomas mais comuns, relatados por pacientes são azia (pirose) – queimação na área retrosternal (no meio do peito) –; e regurgitação – que é quando o suco gástrico retorna para o esôfago, em direção à garganta.
Outros sintomas comuns do refluxo gastroesofágico incluem:
- Disfagia (dificuldade para engolir);
- Dor torácica que pode ser tão forte a ponto de ser confundida com
infarto); - Sensação de globus (“bola na garganta”);
- Odinofagia (dor ao deglutir);
- Tosse seca crônica;
- Rouquidão;
- Náusea.
10 HÁBITOS QUE CONTRIBUEM PARA A REDUÇÃO DOS SINTOMAS DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO
- Nunca pratique a automedicação em caso de episódios frequentes de refluxo. Mesmo medicamentos populares contra azia, como sal de fruta, devem ser tomados conforme orientação médica;
- Evite ingerir alimentos gordurosos, muito condimentados e ultraprocessados, pois eles favorecem o retorno do conteúdo gástrico;
- Não fume;
- Reduza o consumo de café, chás, bebidas alcoólicas e/ou gasosas;
- Procure perder peso, pois o sobrepeso e a obesidade contribuem para o surgimento ou agravamento do refluxo gastroesofágico;
- Não use cintos, cintas elásticas nem roupas que apertem a região do abdômen;
- Faça a última refeição da noite cerca de duas horas antes de dormir, nunca deite imediatamente após se alimentar;
- Coma pequenas porções de alimentos e distribua as refeições ao longo do dia;
- Faça as refeições sem pressa, mastigando muito bem os alimentos;
- Evite a ingestão de líquidos durante e imediatamente após as refeições e antes de deitar.
TRATAMENTOS DA DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO
Quando não tratada corretamente, a doença do refluxo gastroesofágico pode trazer complicações, como esofagite erosiva, esôfago de Barrett, estenose esofágica e aumentar o risco de câncer de esôfago. O refluxo pode comprometer a qualidade de vida dos pacientes, devido às fortes dores.
O tratamento mais comum contra refluxo é feito com medicamentos inibidores da bomba de próton (o mais comum deles é o Omeprazol). No entanto, cerca de 30% dos pacientes com DRGE não respondem aos tratamentos medicamentosos da maneira esperada. Para esses pacientes, o tratamento não cirúrgico – endoscópico – é uma alternativa. Estudos clínicos que avaliam o procedimento mostram aceitação de mais de 93% dos pacientes, que apresentam, logo nos primeiros dias após o procedimento, alívio significativo nos sintomas.